Não sou obrigada a salvar ninguém e nem responsável por isso, essa síndrome de salvadora tem que parar porque isso só acarreta ainda mais dores dentro de mim, não tem como tentar prever e controlar tudo que irá acontecer. Entender que não é responsabilidade minha salvar os outros, vai demandar um tempo para que consiga compreender o que preciso e continuarei me reencontrando e olhando para dentro de mim ao invés de insistir em continuar salvando outras pessoas.
Nesse processo de sempre querer salvar e proteger, acabei esquecendo de mim, das minhas vontades e desejos, o pior disso é deixar de lado os meus sentimentos para tentar salvar pessoas que nem queriam ser salvas e que não precisavam de ajuda. Esquecer de mim foi doloroso, mas achava que estava fazendo o certo e pensei que me traria uma sensação de paz e de utilidade, só que a grande verdade era que dentro de mim tudo encontrava-se em conflito e viver com esse sentimento era pior do que a grande necessidade de estar disponível para os outros.
Colocar essas necessidades acima das minhas foi cansativo, esse excesso de cuidado em querer ajudar e ficar disponível sempre que precisassem, sendo um suporte, ouvindo e dando conselhos, atenta sempre para buscar alternativas em solucionar os problemas dos outros e esquecendo de resolver os meus, de ouvir o que o meu coração dizia, esquecer de mim e me deixar em segundo plano foi um grande erro e agora entendo e compreendo isso.
Era um grande sentimento de utilidade quando precisavam de mim, de sentir - se realizada quando obtinha o êxito de solucionar o problema de alguém e isso prejudicava a mim em tantos níveis, demandava muita energia em pensar nos problemas e soluções de todos ao meu redor, com isso o medo do abandono e julgamento quando não conseguia ajudar e precisava dizer não, havia também uma grande necessidade de reconhecimento e elogios e quando isso não acontecia gerava uma grande frustração porque parecia que ninguém enxergava os meus grandes feitos.
Esse sentimento é tão comum entre nós, mulheres, pois somos ensinadas a servir, obedecer e estar disponível sempre ali para acolher e ajudar, temos a necessidade em ser vista e ouvidas, mas esquecemos de acolher à nós e aos nossos sentimentos, nossas vontades e não reconhecemos nossa identidade quando o outro não precisa mais de nós, saiba ouvir-se e reconectar-se consigo mesma, poderemos ajudar alguém se estivermos bem conosco e sem conflitos internos.
Não preciso estar disponível o tempo todo para que as pessoas me amem e sei que posso comemorar e elogiar os meus grandes feitos, não posso cultivar mais esses sentimentos destruidores dentro de mim, enxergar as minhas vontades e desejos é assumir a minha identidade, é o sentimento de reconhecer a mim e ver que posso ajudar quando tudo o que sinto estiver em ordem.
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